« A Urgência da Autonomia Curricular
Cortes orçamentais justificam o fim das disciplinas de Área de Projecto e Estudo Acompanhado. Ambas, foram introduzidas no currículo obrigatório, como disciplinas de favorecimento da igualdade de oportunidades. AP, a bandeira contra a escola tradicional, uma disciplina inovadora que permitiria trabalhar em transversalidade as várias disciplinas, um espaço para ensinar os alunos a pensar e a fazer, cultivando o empreendedorismo, a criatividade e o relacionamento social. EA, espaços de apoio aos alunos com maiores dificuldades, um espaço para se ensinar a estudar e de auto-conhecimento, de consolidação de conhecimentos e prevenir dificuldades.
Tal, como terminam abruptamente, a eito, nasceram de uma imposição central, cega, para todas as escolas de Portugal.
É certo, que houve casos em que estas disciplinas pouco acrescentaram aos projectos educativos das escolas. Mas, muitas escolas, aproveitaram a oportunidade duma disciplina com total autonomia, sem sujeição aos manuais impostos para fazerem obra espectacular, fora da sala de aula! Desenvolvem-se projectos de escola valiosíssimos e que permitiram a alguns alunos fazer descoberta em diversas áreas, quer pedagógicas, quer social. A sociedade civil, também, se mobilizou e surgem diversas entidades como a Junior Achievment, a EPIS, o projecto Educação para a Cidadania, O Porto de Futuro apenas para citar alguns de apoio às escolas mais carenciadas. Projectos que dinamizaram a relação de pertença à escola tanto com os alunos como com os pais.
Volvidos poucos dias sobre o anúncio do fim destas disciplinas, recebemos a notícia de que os guiões pedagógicos sobre educação financeira estão prontos para serem distribuídos aos professores do ensino básico, que receberão formação profissional para esta nova disciplina, provavelmente, de carácter obrigatório para todos. Educação financeira para o básico, fará sentido no ensino básico e para todas as escolas?
Expliquem-nos em que circunstâncias estas disciplinas trazem valor para a aprendizagem dos alunos? Em que casos devem ser ensinadas na escola? Porque será que as escolas não têm autonomia para decidir que disciplinas integram o seu projecto educativo? Porque se retira aos pais a liberdade de escolherem entre a escola que tem área de projecto, estudo acompanhado, educação financeira, ou que opta por ter mais literatura, mais matemática, filosofia, religião ou artes?
Nunca como agora o debate sério sobre da Escolha da Escola foi tão fundamental! O ME administra as “suas” escolas estatais, aparentemente, sem coerência, impondo às cegas e cortando a eito em todo o universo escolar, seguindo um modelo único e burocratizado. Empobrece a oferta educativa, a diversidade curricular entre as escolas e reduz a sua autonomia. Aos pais portugueses, asfixiados com as dificuldades económicas, o direito de escolha em Portugal resume-se à escolha entre duas escolas estatais semelhantes. Os mais desfavorecidos estão cada vez mais fracos, a injustiça social agrava-se em Portugal. A escolha da escola requer urgentemente uma análise empírica, liberta de demagogias.»
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