segunda-feira, março 14, 2011

"Compartilhar as opções afectivo-sexuais de terceiros, não pode ser exigido"

“O respeito pelas opções afectivo-sexuais pode, e deve, ser exigido, mas compartilhar ou assumir como positiva a opção afectivo-sexual de terceiros, não pode nem deve, ser exigido"
(sentença do Tribunal Supremo da Andaluzia, em 15-10-2010, fundamento jurídico nº 9).

Os magistrados escrevem com clareza e rigor cartesianos, condenando um livro de texto da disciplina de Educação para a Cidadania que promove a ideologia de género.

É certo e sabido, que houve, e há, discriminação e exclusão para com pessoas com inclinação homossexual: é uma falha grave da sociedade. Mas não é certo que, para os respeitar na sua dignidade de pessoas, seja preciso concordar com as suas opiniões sobre afectividade e sexualidade.

Tal como numa sociedade democrática não se exige aos comunistas que pensem como os políticos da direita, nem aos da direita que concordem com os comunistas: apenas se lhes pede que se respeitem mutuamente.

Por isso é um fraco serviço à democracia que se pretenda acusar de homófobo quem não compartilhe a ideologia de género. Pode acabar por acontecer que os que se queixaram de intolerância, venham a reproduzir essa mesma intolerância. Pior ainda se a quiserem impor aos menores através do ensino obrigatório.

Péssimo, se o fizerem à socapa, em centros oficiais, em oficinas de "sexualidade", ou "contra a homofobia", através das quais se doutrinam dentro da ideologia de género, passando por cima dos pais (dos mesmos a quem se acusa simultaneamente de pouco responsáveis, mas a quem se impede o exercício dessa responsabilidade).

Nem falemos sequer de que se tente, por alguma forma, diminuir ou ridicularizar os alunos cujos pais não autorizaram a participação nessas "actividades".


Em resumo (simplista, obviamente) a ideologia de género nega que as diferenças óbvias entre mulheres e homens tenham alguma coisa de "natural". São, diz, meras convenções, que podem ser modificadas de acordo com os desejos de cada um. Pode ter-se qualquer "orientação" sexual que se queira ou até "mudar" de sexo, se se deseja.

Trata-se de uma ética em que o que é bom, ou mau, apenas depende dos desejos de cada um, e não de uma resposta ao que é naturalmente humano.

Desta proposta arranca um educação sexual que não fomenta o crescimento de mulheres e homens livres, mas a persistência de adolescentes crónicos.

Como qualquer outra ideologia, considera a "sua" "verdade" acima de qualquer outro raciocínio ou demonstração. Não lhe interessa que a psicofisiologia actual encontre os traços básicos do feminino e do masculino nas primeiras fases do desenvolvimento do hipotálamo, no embrião.

A enorme riqueza das diferenças emocionais e cognitivas entre mulheres e homens - e que são anteriores aos papeis sociais - são consideradas um problema, um obstáculo a abolir (pela revolução, se necessário) até se chegar à "igualdade sexual", tal como o "socialismo científico" radical, da pré-história do socialismo, quis chegar à sociedade sem classes.


(...) De modo que todos nós teremos que viver com uma espécie de culpa universal, por sermos quem somos, diferentes, desiguais ... Mas a quem tiver inclinação gay, bissexual, transexual, deve dar-se aplauso, abandonando-os às suas dificuldades e impedir - dogmaticamente - que se possa discutir, ou investigar, as experiências (dolorosas) e o percurso de vida que tiveram até chegar à actual situação.

Seguramente que a liberdade de cada um está acima das opiniões dos outros, mas isto não pode só significar que os que se consideram "modernos" e "discriminados" possam decidir unilateralmente quais são os estilos de vida de todos os outros. Isto é, também, uma garantia de que haja quem possa - livremente e sem coacções - decidir pensar a sexualidade e os afectos de modo diferente, "não-alinhado".

Estou firmemente convencido que é urgente educar no respeito extremo para com todos, e de modo especial para com os que sofrem algum tipo de discriminação, seja de que tipo for.

Mas como se pode fomentar essa educação sexual no respeito?

Por exemplo:

- poderá ser feita promovendo a instabilidade das relações, ou a multiplicidade de parceiros?
- é compatível com achar-se normal as relações ocasionais, de quase anonimato?
- tem alguma coisa a ver com o exibicionismo das marchas "de orgulho"?
- pode ser feita numa óptica de agressividade e militância anti-religiosa?


E com isto não desmereço em nada a amizade (e a solidariedade) com os meus amigos, e tantas pessoas, que vivem com inclinação homossexual e que não estão disponíveis para colaborar na manipulação política da sua situação.

(adaptado de Fernando Lopez Luengos, doutor em Filosofia, vice-presidente da Associação de Professores Educación y Persona))

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