segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Programas de Saude Sexual na Adolescencia

«PROPOSTAS DE UM PROGRAMA FORMATIVO

Um esquema tolerante com as diferentes éticas individuais poderia adoptar os seguintes passos:

1. Lembrar as diferenças entre os sexos. Neste ponto preliminar pode-se insistir não só nas diferenças anatómicas ou fisiológicas que condicionam o papel distinto na reprodução, mas também na necessidade de aprender a reconhecer e apreciar as diferenças objectivas neurológicas, psicológicas e também orgânicas que apresentam ambos os sexos, orientando-as para o respeito e a função de cada um.

2. Análise da realidade, mostrando que há casais que são felizes na sua relação e outros que não são. Pode avaliar-se as causas do fracasso da convivência analisando decisões com forte carga moral (traições, abandonos, situações de maus tratos...) e programar objectivos a longo prazo, não só a curto prazo como costumam ser as relações entre adolescentes, fomentando o desejo de encontrar uma relação interpessoal que favoreça um desenvolvimento afectivo e pessoal adequado.

3. Complementarmente, pode-se trabalhar na resolução de conflitos aprendendo a respeitar as diferenças e não a agredir-se. Evitar o negativo e promover o positivo da relação entre ambos os sexos através de exemplos de vida e reflexões pessoais trazidas pelos próprios destinatários da mensagem.

4. Avaliação de propostas morais sobre vivência sexual. Isto incluirá manifestar os dois modelos básicos de entender a sexualidade: sem compromissos (relações derivadas da liberdade e busca de prazer) ou compromissos (sexualidade orientada para a criação de laços estáveis e de um compromisso afectivo).

5. A interconexão entre sexualidade e procriação deve ser mostrada claramente e de um modo positivo, já que forma parte da vivência humana. Por isso além de comentar a existência de métodos naturais de planeamento familiar de eficácia provada, como informação objectivamente comprovada.

6. Imaginar o futuro. Podem-se convidar os destinatários da mensagem a elaborar a imagem do casal ideal, enfatizando as condições para o êxito: a necessidade de esforço, a coerência com os próprios ideais e ter claro o projecto vital.

Esta abordagem integral da sexualidade acarretará maior esforço pedagógico que o simplista de distribuir preservativos que reduz a sexualidade à mera reprodução, mas pode ser o que se mostre mais de acordo com uma educação afectiva em que os próprios valores sejam interiorizados pelos jovens livremente. »

(Em aceprensa.pt)

Outras abordagens, aqui.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

perguntas


Um dia, hei-de saber,
alguém me vai dizer.
Um dia.

Porque é que não nasci.
Porque não fui de alguém.
Porque é que fui ninguém.
Um dia.

Era feio?
Fui diferente?
Não dei jeito?
Um dia.

Amargo seio,
Um peito rente.
Não sei quem foi.
Não sei quem viu.
Mas sou inocente.

Talvez me contem tudo.
Talvez me salvem ainda,
Um dia.

Do nada, que é tudo o que me resta.
Talvez haja uma festa.
Não houve nenhuma,
Quando não me quiseram,
nem me amaram.

E não sei porquê.

Um dia.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

África

«Lavra um fogo no próximo Oriente e em África.
Assume inaceitáveis proporções de barbárie e catástrofe.
À intolerância étnica aliam-se grandes interesses económicos e promessas cumpridas de sectarismo religioso.

Perseguem-se e matam-se selvaticamente os pacíficos, que vivem e fazem a vida.
Sejam eles cristãos ou muçulmanos.

Viver a fé nesses calvários é descaramento punido com pena de morte.
E morte violenta e brutal.

Aqui andamos excessivamente preocupados e distraídos com outras coisas.
Dinheiro, o sol e a praia, bem-estar, regalias perdidas, buracos de ozono, protecção de animais.

Lá no Oriente Médio ou em África, o que está em extinção são pessoas.

O vento trás consigo os gritos aterrorizados dos nossos irmãos.
Mas, por entre o zoom das caixas registadoras, o ruído dos telemóveis e o barulho dos muitos discursos e debates, sindicais e parlamentares, o silêncio do Ocidente é ensurdecedor.

E conivente.

Um desastre a prazo.»

(Miguel Alvim, Advogado)