quarta-feira, outubro 01, 2014

Escola em casa: uma opção pouco conhecida

(...) «Foi o ensino doméstico que impediu Gonçalo, que hoje aos 20 anos estuda no prestigiado King's College, em Londres, de desistir de estudar no 9.º ano, quando vivia no Porto. “Ele ganhou fobia ao meio escolar, mas foi um inferno até conseguir que passasse a ter aulas em casa porque a escola não aprovava essa opção, apesar de estar prevista na lei”, conta ao SOL Cristina Marinho. Com os outros dois filhos, Lourenço, de 14 anos, e Dinis, de oito, o processo foi mais fácil e um e outro aprendem com professores em casa. Para o mais novo, Cristina até conseguiu que de manhã tivesse aulas no domicílio e à tarde fosse brincar no recreio de um colégio. Uma mudança que mostra a maior abertura e adesão de professores e pais a este modelo de ensino.» (...) 

fonte: Sol

segunda-feira, março 10, 2014

A Suécia discute o regresso da educação do caráter na escola

(...) «Um estilo muito liberal de educação dos filhos, conduziu a que fosse criada na Suécia uma geração de crianças mimadas e centradas em si mesmas, o que não augura nada de bom para o seu futuro. Este é o diagnóstico do psiquiatra David Eberhard no seu novo livro "Como as crianças tomaram o poder", que desde a sua publicação no ano passado, desencadeou opiniões opostas e fez do seu autor, um protagonista de entrevistas na televisão e de editoriais - em grande parte críticos - nos jornais.

(...)


Não é que Eberhard proponha regressar à palmada. O que diz é que, ao abrigo da ideia do respeito pela criança, muitos pais renunciaram a estabelecer regras e disciplina aos seus filhos, os quais assumiram o comando e não só o da televisão.

"À partida, deve-se ouvir as crianças", admite Eberhard, "mas na Suécia foi-se demasiado longe. Elas tendem a decidir tudo nas famílias: quando ir para a cama, o que comer, aonde ir de férias, o que ver na televisão". "Vivemos numa cultura onde os chamados ‘especialistas' dizem que a criança é ‘competente' e a conclusão é que as crianças decidem".

Isto fez com que a educação do caráter das crianças deixe muito a desejar. Para Eberhard, são simplesmente mal educadas e teimosas. Numa reunião, interrompem constantemente, querem ser o centro das atenções e reclamam o mesmo espaço que os adultos.

Não se comportam melhor na escola. As crianças foram educadas numa atitude muito antiautoritária, e isso nota-se no modo de responder na escola aos professores. Estes têm de conversar com elas para que deixem de utilizar o telefone na aula e, segundo um exemplo citado por Eberhard, um professor que se atreveu a confiscar o telefone de uma criança, teve de enfrentar depois as críticas dos pais que o acusavam de não respeitar os direitos da criança.
As crianças de hoje são os filhos de uma geração que não conheceu muita disciplina, e que não sabe como impô-la.

A família não é uma democracia


Agora, o ministro da Educação tem vindo a pedir mais disciplina na escola. O que fez soar os sinais de alarme foi a descida das classificações dos alunos suecos de 15 anos nos testes PISA. As suas competências situam-se abaixo da média da OCDE, tanto em matemática, como em leitura e ciências, com retrocessos em todas elas. Não é estranho que olhem com inveja para a vizinha Finlândia, onde os professores têm uma autoridade que perderam na Suécia e cujos resultados académicos são excelentes.
Eberhard pensa que a educação recebida pelas crianças suecas não as prepara para as frustrações inevitáveis da vida. "As suas expectativas são muito altas e a vida é demasiado dura para elas. Daí terem crescido muito os casos de ansiedade e de jovens que se mutilam a si próprios".
Que propõe Eberhard para corrigir esta situação? Que os pais voltem a assumir o seu papel de educadores, acabando com a tirania da criança. "Tem de se assumir o controlo na família. A família não é uma democracia".

O diagnóstico do psiquiatra dividiu o país. Alguns veem confirmadas as suas preocupações, e apoiam que os pais coloquem mais limites às crianças. Outros dizem que o tipo de criação dos filhos corresponde à ênfase que o país deposita na democracia e na igualdade. Há quem veja o lado positivo de uma atitude antiautoritária, que favoreceria uma maior criatividade dos jovens quando se vão incorporar no mundo laboral.» (...)

In aceprensa.pt